Voltei ao Brasil.
Isso mesmo, de mala e cuia.
Vou agora tentar manter o blog com comentários sobre as diferenças e as coisas que me “espantam” por aqui.
terça-feira, 9 de junho de 2009
sexta-feira, 8 de junho de 2007
A burka brasileira
Tempos atrás, Tony Blair se viu em palpos de aranha quando afirmou que a burka usada pelas mulheres muçulmanas era uma barreira que evitava a integração delas à sociedade inglesa. Eu pessoalmente acho o mesmo -- não é fácil falar com alguém que "se esconde". Dar as caras é típico da nossa cultura e facilita a comunicação. Ver um sorriso ou uma lágrima vale mil palavras.
Bom, tudo isso para dizer que voltando à São Paulo em férias, dou-me conta de que facilmente mais de 50% dos carros tem o vidro escuro, vidro que praticamente impede a visão para o interior do veículo.
As razões de segurança são questionáveis. Um seqüestrador que já esteja dentro do carro também estará mais seguro, não é? E se os vidros realmente ajudassem na segurança, o número de assaltos teria diminuído -- será que isso aconteceu? Acho que toda vez que ouvimos alguém contar sobre um assalto, deveríamos perguntar: e o vidro do carro? Tinha película? Era escuro? Isso poderia nos dar uma idéia da eficácia da película. Acho que as respostas nos trariam algumas surpresas.
Além disso, eu não teria a menor dúvida que ele diminui a segurança no trânsito... sim, isso mesmo, se tenho dúvidas em relação a segurança contra ladrões e meliantes de toda espécie, não tenho dúvidas sobre a diminuição da segurança no trânsito. A tal película, se não impede, diminui bastante a visão. Ao entrar em um túnel ou de noite a tal película praticamente evita que vejamos o que acontece ao lado. Acho que deve haver aumentado o número de acidentes sérios e, principalmente, de acidentes menores -- arranhões laterais -- por causa dela. Em todo acidente também deveríamos perguntar: e o carro tinha vidros escuros?
A verdade é que eu acho que a tal película não é colocada por nenhum dos motivos acima -- ela é a "burka brasileira". Ela serve para afastar o pessoal da realidade urbana. Serve para no fim do dia, a pessoa entrar nesse espaço virtual que seria só dela, com ninguém para perturbá-la... um mundo virtual onde no "conforto" de seu ar condicionado e músicas, o motorista afasta-se da realidade opressiva do cotidiano. No entanto, isso trará conseqüências devastadoras socialmente. Se você está num carro com vidros escuros, fica difícil pedir passagem ou agradecer a passagem dada por outro carro. Fica difícil interagir com outras pessoas e dar ou receber um sorriso, fica difícil receber um agradecimento de alguém que esteja no outro carro com vidro escuro... fica difícil ser simpático, brincar, ou mesmo tentar entender porque alguém ficou bravo com você. E pior, para as pessoas menos afortunadas, para aquelas marginalizadas ou semi-marginalizadas, a cidade perde mais uma de suas características humanas -- em vez de rostos, agora o que se vê são bólidos com vidros negros passando pelas ruas. Se interagir com motoristas já era difícil, agora com tais bólidos é praticamente impossível.
Não saberia como resolver o problema. A impressão que eu tenho é que sempre que aparecem tendências sociais nesta cidade (SP), as coisas vão em direção ao individualismo e falta de solidariedade... e as reclamações desses mesmos habitantes aumentam proporcionalmente em relação ao individualismo e falta de solidariedade.
Bom, tudo isso para dizer que voltando à São Paulo em férias, dou-me conta de que facilmente mais de 50% dos carros tem o vidro escuro, vidro que praticamente impede a visão para o interior do veículo.
As razões de segurança são questionáveis. Um seqüestrador que já esteja dentro do carro também estará mais seguro, não é? E se os vidros realmente ajudassem na segurança, o número de assaltos teria diminuído -- será que isso aconteceu? Acho que toda vez que ouvimos alguém contar sobre um assalto, deveríamos perguntar: e o vidro do carro? Tinha película? Era escuro? Isso poderia nos dar uma idéia da eficácia da película. Acho que as respostas nos trariam algumas surpresas.
Além disso, eu não teria a menor dúvida que ele diminui a segurança no trânsito... sim, isso mesmo, se tenho dúvidas em relação a segurança contra ladrões e meliantes de toda espécie, não tenho dúvidas sobre a diminuição da segurança no trânsito. A tal película, se não impede, diminui bastante a visão. Ao entrar em um túnel ou de noite a tal película praticamente evita que vejamos o que acontece ao lado. Acho que deve haver aumentado o número de acidentes sérios e, principalmente, de acidentes menores -- arranhões laterais -- por causa dela. Em todo acidente também deveríamos perguntar: e o carro tinha vidros escuros?
A verdade é que eu acho que a tal película não é colocada por nenhum dos motivos acima -- ela é a "burka brasileira". Ela serve para afastar o pessoal da realidade urbana. Serve para no fim do dia, a pessoa entrar nesse espaço virtual que seria só dela, com ninguém para perturbá-la... um mundo virtual onde no "conforto" de seu ar condicionado e músicas, o motorista afasta-se da realidade opressiva do cotidiano. No entanto, isso trará conseqüências devastadoras socialmente. Se você está num carro com vidros escuros, fica difícil pedir passagem ou agradecer a passagem dada por outro carro. Fica difícil interagir com outras pessoas e dar ou receber um sorriso, fica difícil receber um agradecimento de alguém que esteja no outro carro com vidro escuro... fica difícil ser simpático, brincar, ou mesmo tentar entender porque alguém ficou bravo com você. E pior, para as pessoas menos afortunadas, para aquelas marginalizadas ou semi-marginalizadas, a cidade perde mais uma de suas características humanas -- em vez de rostos, agora o que se vê são bólidos com vidros negros passando pelas ruas. Se interagir com motoristas já era difícil, agora com tais bólidos é praticamente impossível.
Não saberia como resolver o problema. A impressão que eu tenho é que sempre que aparecem tendências sociais nesta cidade (SP), as coisas vão em direção ao individualismo e falta de solidariedade... e as reclamações desses mesmos habitantes aumentam proporcionalmente em relação ao individualismo e falta de solidariedade.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Artista de rua
Todos conhecemos a molecada que fica "fazendo arte" nos sinais de trânsito de SP. Incrível como até na economia informal as coisas se desenvolvem -- da venda de produtos (que antes eram balinhas, etc.; para a prestação de serviços, shows, etc.).
Bom, ontem eu fiquei espantado. Parei no farol (isso mesmo pessoal não-paulista, é farol que a gente diz por aqui). Meu carro era o primeiro da fila. O moleque fica em pé na frente do carro, levanta a camiseta e dá uma volta completa antes de começar o show.
A ficha só caiu quando o show -- uma dancinha muito da vagabunda -- terminou. Quando o moleque se aproximou do carro é que me dei conta... ele não está armado... é por isso que levantou a camiseta e deu a volta, para mostrar que não estava armado!
Dei umas moedas para o guri, não pelo show (que foi MUITO ruinzinho, mesmo quando comparado com os outros colegas de rua que já vi), mas pelo peso na consciência.
Bom, ontem eu fiquei espantado. Parei no farol (isso mesmo pessoal não-paulista, é farol que a gente diz por aqui). Meu carro era o primeiro da fila. O moleque fica em pé na frente do carro, levanta a camiseta e dá uma volta completa antes de começar o show.
A ficha só caiu quando o show -- uma dancinha muito da vagabunda -- terminou. Quando o moleque se aproximou do carro é que me dei conta... ele não está armado... é por isso que levantou a camiseta e deu a volta, para mostrar que não estava armado!
Dei umas moedas para o guri, não pelo show (que foi MUITO ruinzinho, mesmo quando comparado com os outros colegas de rua que já vi), mas pelo peso na consciência.
Mania de CPF
CPF deveria ser um número que só interessa ao governo. Número de pagamento de impostos por parte do contribuinte e pagamento de benefícios por parte do governo. Aqui no Brasil o assunto ficou ridículo - pede-se CPF para TUDO. Pede-se CPF sem razão, ou mesmo quando um outro documento deveria resolver o assunto. CPF virou documento de identidade quando não o deveria ser, e parece que ninguém mais se importa.
Alguns exemplos de pedidos desnecessários de CPF:
1. Dois anos atrás fui comprar um fogão para minha mãe. Iria pagar em dinheiro, e o sujeito da loja me pediu o CPF. "Por quê?" perguntei eu. "Porque senão o computador não aceita" , respondeu os sujeito. Uai, até onde sei não é o computador que deve gerar processos... bom, indignado fui comprar o fogão em outro lugar. Acho que hoje já não conseguiria encontrar outro lugar. :-(
2. O mais ridículo aconteceu agora. Vou ficar no Brasil mais tempo, então habilitei um celular -- na verdade, minha irmã o habilitou e eu o estou usando. O celular é da Vivo e lá na página deles existe um serviço chamada "Torpedo Web" -- uma maneira de se mandar mensagens de texto para o telefone usando a página da Vivo na web.
Ótimo, assim as pessoas do Canadá podem entrar em contato comigo, pensei ingenuamente.
Qual não foi a minha surpresa... as pessoas que queiram enviar e-mails precisam cadastrar-se... e claro, inserir seu CPF. Por que cargas d'água é preciso do CPF para mandar uma ^%$#&^% de mensagem! RIDÍCULO!
Telefonei para a Vivo explicando que seriam colegas que moram no Canadá que enviariam os e-mails e de novo a mesma resposta -- o processo (ou o computador) não permite. Claro, amigos canadenses não têm CPF e não poderão usar o serviço. Mas o que me espanta é a exigência do mesmo em uma B%$#@ de servicinhi sem importância.
Passei numa loja da Vivo. Não solucionaram o problema e o rapaz ainda afirmou: "Provavelmente eles querem é vender-lhe alguma coisa". Quiquiéisso! Além de dar o meu CPF ainda vão mandar spam! Peloamordedeus! Tamosperdidos!
3. Para terminar, fui enviar um pacote para minha irmã. Novamente, impossível fazê-lo sem o CPF.
A exigência de CPF para prestação de qualquer serviço deveria ser combatida. É excesso de informação e invasão de privacidade, mas infelizemente parece que o assunto é corriqueiro no Brasil e ninguém dá bola. O bicho vem até impresso claramente nos talões de cheque. Uma pena.
Alguns exemplos de pedidos desnecessários de CPF:
1. Dois anos atrás fui comprar um fogão para minha mãe. Iria pagar em dinheiro, e o sujeito da loja me pediu o CPF. "Por quê?" perguntei eu. "Porque senão o computador não aceita" , respondeu os sujeito. Uai, até onde sei não é o computador que deve gerar processos... bom, indignado fui comprar o fogão em outro lugar. Acho que hoje já não conseguiria encontrar outro lugar. :-(
2. O mais ridículo aconteceu agora. Vou ficar no Brasil mais tempo, então habilitei um celular -- na verdade, minha irmã o habilitou e eu o estou usando. O celular é da Vivo e lá na página deles existe um serviço chamada "Torpedo Web" -- uma maneira de se mandar mensagens de texto para o telefone usando a página da Vivo na web.
Ótimo, assim as pessoas do Canadá podem entrar em contato comigo, pensei ingenuamente.
Qual não foi a minha surpresa... as pessoas que queiram enviar e-mails precisam cadastrar-se... e claro, inserir seu CPF. Por que cargas d'água é preciso do CPF para mandar uma ^%$#&^% de mensagem! RIDÍCULO!
Telefonei para a Vivo explicando que seriam colegas que moram no Canadá que enviariam os e-mails e de novo a mesma resposta -- o processo (ou o computador) não permite. Claro, amigos canadenses não têm CPF e não poderão usar o serviço. Mas o que me espanta é a exigência do mesmo em uma B%$#@ de servicinhi sem importância.
Passei numa loja da Vivo. Não solucionaram o problema e o rapaz ainda afirmou: "Provavelmente eles querem é vender-lhe alguma coisa". Quiquiéisso! Além de dar o meu CPF ainda vão mandar spam! Peloamordedeus! Tamosperdidos!
3. Para terminar, fui enviar um pacote para minha irmã. Novamente, impossível fazê-lo sem o CPF.
A exigência de CPF para prestação de qualquer serviço deveria ser combatida. É excesso de informação e invasão de privacidade, mas infelizemente parece que o assunto é corriqueiro no Brasil e ninguém dá bola. O bicho vem até impresso claramente nos talões de cheque. Uma pena.
Greve dos estudantes da USP
Hoje é sexta-feira. Acabo de ouvir na TV que foi marcada nova reunião com os estudantes (parados, se não me engano, há 20 dias) na segunda-feira.
Por que segunda-feira? Por que não amanhã ou domingo?
Por que segunda-feira? Por que não amanhã ou domingo?
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